Águas
Por: Willemberg Sousa
Segundo dados divulgados no final do ano passado pelas Nações Unidas (ONU), a população mundial chegou em 2011 ao número recorde de sete bilhões de pessoas, e com grandes possibilidades de ainda neste século alcançarmos a impressionante marca de dez bilhões. Agora, cientistas do mundo inteiro perguntam-se como o planeta suportará uma demanda cada vez mais crescente por água, alimentos, fontes de energias, matérias-primas, etc. A escassez desses recursos já é sentida em várias partes do planeta, seja ela provocada por uma exploração desenfreada ou por conta da poluição destes bens que os tornam impróprios para a utilização humana.
No ano de 1993 a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas criou o “Dia Mundial da Água” a ser celebrado aos 21 de março de cada ano, como uma maneira de chamar a atenção da população do planeta para preservação deste patrimônio que é indispensável para sobrevivência humana e ao contrario do que muita gente pensa é um bem finito. Vale salientar que 97,5% da água do planeta é salgada, 2,493% se encontram em geleiras ou são águas subterrâneas de difícil acesso; doce e acessível são apenas 0,007%. Obstante a estes números desperdiçamos, mal utilizamos e ainda poluimos nossos mananciais e ainda 70% das nossas águas são utilizadas na agricultura ou atividades industriais. Também estima-se que nos países desenvolvidos, a tubulação acumule perdas de 30%. Só a grande São Paulo desperdiça 10m3 de água por segundo, volume que daria para abastecer 3 milhões de pessoas/dia.
A poluição das águas é um problema bastante sério, pois apresenta grandes danos tanto para o meio ambiente como também para o ser humano, hoje 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa e 80% das enfermidades no mundo são contraídas por causa da água poluída, sendo a população pobre dos países em desenvolvimento as mais propensas a adquirir doenças. Enchentes, lixo, contaminação dos mananciais, água sem tratamento e doenças apresentam uma relação estreita. Diarréias, dengue, febre tifóide e malária, que resultam em milhares de mortes anuais, especialmente de crianças, são transmitidas por água contaminada com esgotos humanos, dejetos animais e lixo. A ausência de investimentos em ítens tão fundamentais como os serviços de saneamento têm impactos sobre a saúde da população e o meio ambiente. Um estudo da FGV, (Trata Brasil) afirma que o SUS recebe cerca de 800 pacientes/dia com doenças causadas pela falta do serviço. O descaso e a ausência de investimentos no setor de saneamento em nosso país, em especial nas áreas urbanas, compromete a qualidade de vida da população e do meio ambiente.
A Campanha da Fraternidade deste ano nos chama a atenção com o seu tema “Fraternidade e Saúde Pública”, para vários problemas que envolve cuidados com a nossa saúde e bem estar. Por isso, cuidar da água não permitindo que ela se torne para nós fonte de doenças e morte, é dever de todos. E dentro deste contexto acredito que a educação é o único meio eficaz de transformar uma sociedade cruel e destruidora em homens e mulheres comprometidos com a vida e a dignidade humana.
*Geógrafo e Graduando em Gestão Pública
0 comentários:
Postar um comentário